domingo, 25 de abril de 2010

Lispectori[ando].

"Mesmo minhas alegrias, como são solitárias às vezes. E uma alegria solitária pode se tornar patética. É como ficar com um presente todo embrulhado com papel enfeitado de presente nas mãos - e não ter a quem dizer: tome, é seu, abra-o!
Não querendo me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção, evitando o tom de tragédia, então raramente embrulho com papel de presente os meus sentimentos."

-Clarice Lispector-




É como se em uma época bem distante, Clarice e eu, tivéssemos sido"boas amigas".
Foi com essa ilustre desconhecida que aprendi a olhar para mim.
Com ela descobri o quanto as palavras podem me servir, como ponte de expressão para sentimentos mudos ou quase imperceptíveis.
Às vezes sentimos e pensamos sem perceber. Como em um mundo paralelo a nós mesmos, não estamos conscientes.
Meu encontro com Clarice, foi há muito tempo, quando eu ainda fazia ensino fundamental, em mil novecentos e lá vai fumaça...
Fiquei bestificada com a capacidade descritiva desta autora.
Em sua companhia eu consegui passear, tão facilmente, entre as sensações que eu sentia mas, não verbalizava nem para mim mesma.
Desde então...
Nunca mais fui a mesma.
Havia sido tocada!
Encontrara alguém que sabia sentir a vida em seus detalhes.
Sabia que todas as coisas conversavam.
Sabia que eu não era diferente, eu era apenas eu.
Havia alguém com quem podia conversar.
E suas palavras, no papel, eram gritos aos meus ouvidos.

Existia Clarice.

Nenhum comentário:

Postar um comentário