terça-feira, 30 de novembro de 2010

Lembra?

Você lembra da sua história ?
Você ainda tem aquela criança dentro de si ? O que ficou pra trás ?Você às vezes fica, assim, parado, deitado na cama de barriga pra cima olhando o teto e pensando em tudo que você já viveu ?
Você tem noção de aonde quer ir ?
Você tá chegando aonde desejou ir ?
Você continua querendo ? Você desistiu ?
Você poderia contar sua vida até hoje com quantas palavras ?

Nascimento-amor-atribulações-frustrações-erros-ansiedades-vitórias-independência-coragem-autonomia-enganos-derrotas-desistências-persistências-amizades-dependência-picos-tristezas-contentamentos-acomodação-loucura-"pé-na-bunda"-riso-choro-renascimento-amor-paixão-trabalho-conhecimento-decepções-bons momentos-maus momentos-idas-vindas-ser-não ser-vida-vida-vida-vida-vida-vida-vida-vida-vida-vida-vida-vida...


Qual sua palavra ?


Ser humano.


Têm dias que é insuportável lidar até comigo mesma...
Ser ser humano é uma tarefa árdua, de fato!
O bom é que isso só dura por alguns instantes,
por que se fosse o contrário..
eu facilmente me abandonaria!
Deixarei esta carcaça de vinte e poucas primaveras em um desses mundos longes, que vendem num livro ou outro...

O riso.

"Tem um caráter sereno,
é delicado,
é como uma bela melodia
deixa a gente de bom humor"

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Auto-Retrato.

Uma menina de papel com alma de borboleta.
Pronta pra voar.
Pronta pra se reciclar.

Se quiser me encontrar,
me mande cartas.
A moça que cuida do jardim
olhou para o chão e suspirou.
Sorriu ao ver as mãos sujas de terra.
Joelhos dobrados ao chão,
pés descalços.
Estava um tanto quanto cansada,
ela admitia,
mas preferia não falar nada,
apesar do silêncio e do peito cheio de palavras pulsantes.
Pensou em Deus,
silenciosamente fez uma oração, depois pegou cada semente com os movimentos mais delicados que conhecia.
Sorria por dentro.
Sabia dos riscos de se cultivar um jardim.
Um espinho que não avisa...
às vezes sementes jogadas ao vento, ao tempo...
"Tudo a seu tempo",
ela pensava enquanto sentia alguns raios delicados de sol que cortavam a imensidão azul.
No centro do jardim ela cultivava uma flor bonita chamada amizade.
E logo aprendeu lidar com a natureza daquela flor multicolorida.
Amizade tem nome, tempo certo.
cheiro de infância, de proteção, de aconchego, de colo.
a moça achava aquela flor tão bonita e sabia que durante a vida, iria ganhar várias outras, de diferentes formas, tamanhos e cores. Aprendeu a cultivar o jardim nos des-acertos.
Seus dedos riscavam a terra deixando marcas que ela ainda não sabia como definir.
Silenciava que era pra ver se sossegava o coração.
Não compreendia muito bem os ciclos e ainda tem dificuldade em acertar seu tempo com o tempo que faz.
E ainda sonha...
Sonha com o presente.
Dormindo ou acordada.
O jardim não tem muros, nem cerca.
Lá, ela colocou um banquinho que decorou com as mais bonitas cores, colocou a almofada mais macia e de vez em quando ela senta e sossega.
No seu jardim o tempo é outro e ela espera por segundos, horas, meses, anos...
E quando por lá não aparece, está passeando por aí, porque é no desencontro que ela se encontra.
E suspira!
De dentro pra fora e de fora pra dentro!

domingo, 29 de agosto de 2010

"Dependurei nas cordas do tempo meus sorrisos e minhas esperas.
Quando a luz se cansou da tarde, vieram as certezas, disfarçadas de estrelas.
E o breu que me deixava com medo prometeu abrir caminho pelo céu e me ensinar a voar.
Há paisagens que a gente não escolhe,sendo assim...
Eu só espero pra mim,a paz de um vôo sem medo..."

terça-feira, 27 de julho de 2010

Relicário.

O "Aurélio" diz que trata-se de uma caixa, urna, etc..., para guardar reliquias de um santo.
Acredito que todo ou quase todo mundo, possui alguma coisa guardada com muito carinho.
Alguns guardam fotos, outros postais, cartas e tem até quem guarde revistas pornôs.
Ué, tô mentindo?
Pois bem, eu como não poderia ser diferente, também trago comigo uma caixinha, não é muito grande, mas guarda consigo utopias particulares, cada uma, com seu jeito, sua significância.
Obviamente, não me refiro a fotos, postais, cartas e muito menos a revistas pornôs, não, não!
Deve admitir que esta caixa, é o que de mais precioso a vida poderia ter-me dado.
É linda!
Colorida com todas as cores do Universo.
(Meu doce e particular universo)
Devo lhe informar, que a luz que emana do seu interior.
Certamente, é uma das mais belas.
E se por acaso, um dia você abrir o meu relicário, nele você encontrará:
Duas lindas sargitarianas, uma aqui no Rio, outra lá no Maranhão.
Um leão skatista petropolitano.
Um Leo, que é professor e tem espírito de menino.
Outro Leo, que é Fabiano e tem o sorrisão aberto.
Um João que toca violoncelo.
Um João que virou anjo.
Outro que é Neto.
E outro que é Paulo.
Uma Lu com um coração gigantesco.
Um Felipe que também é Bastos.
Duas irmãs com sobrenome de Escola de Samba.
Uma Iaiá que ama um Jou-Jou.
Uma Marques, que marca. E como marca, essa menina.
Um São Jorge que na bainha em vez de espada, tem uma Júlia.
Um Pierrot.
Um Gênio do Mar.
Uma Maria que dá Paz.
Um Hudson que agora é Uts.
Platas que valem ouro.
A tia do Enzo.
Um goiano de voz mansa e louváveis gestos.
Um irmão de alma.
Uma morena que cultiva uma rosa no braço.
Um moreno com olhos de mel.
Todos embalados e envolvidos com um amor, que não mede fronteiras.
Um amor que guardo aqui, em um cantinho todo especial, do meu amarrotado coração.
Por que pessoas boas, ficam encravadas na memória.
E não adianta esfregar, tentar apagar.
Elas vão permanecer ali.
Mesmo que talvez, os caminhos nunca mais se cruzem.
O valor de cada uma delas, permanece intacto.
"Por que todo dia é nostalgia
das besteiras, das besteiras
e das besteiras que fizemos ontem."
É, eu realmente amo MUITO, cada um de vocês!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

O menino do Asteróide B-612.


Abre aspas:

- Quem és tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita…- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste…
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. não me cativaram ainda.
- Ah! desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- Que quer dizer “cativar”?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro os homens, disse o principezinho. Que quer dizer “cativar”?
- Os homens, disse a raposa, têm fuzis e caçam. É bem incômodo! Criam galinhas também. É a única coisa interessante que fazem. Tu procuras galinhas?
- Não, disse o principezinho. Eu procuro amigos. Que quer dizer “cativar”?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa “criar laços…”
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo…
- Começo a compreender, disse o principezinho. Existe uma flor… eu creio que ela me cativou…
- É possível, disse a raposa. Vê-se tanta coisa na Terra…
- Oh! não foi na Terra, disse o principezinho.
A raposa pareceu intrigada:
- Num outro planeta?
- Sim.
- Há caçadores nesse planeta?
- Não.
- Que bom! E galinhas?
- Também não.
- Nada é perfeito, suspirou a raposa.
Mas a raposa voltou à sua idéia.
- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra.
O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo…
A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
- Por favor… cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer alguma coisa. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto…
No dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração… É preciso ritos.
- Que é um rito? perguntou o principezinho.
- É uma coisa muito esquecida também, disse a raposa. É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, possuem um rito. Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta-feira então é o dia maravilhoso! Vou passear até a vinha. Se os caçadores dançassem qualquer dia, os dias seriam todos iguais, e eu não teria férias!
Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse…
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não sais lucrando nada!
- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.

Fecha aspas.




[O Pequeno Príncipe, cap. 21 / Antoine de Saint Exupéry]

segunda-feira, 5 de julho de 2010

"P
orra! – gritou.
Amaranta, que começava a colocar a roupa no báu, pensou que ela tinha sido picada por um escorpião.
- Onde está? – perguntou alarmada.
- O quê?
- O animal! – esclareceu Amaranta.
Ursula pôs o dedo no coração.
- Aqui – disse"



- Gabriel Garcia Márquez - Cem Anos De Solidão -

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Enquanto as mocinhas permanecem no clássico embate:
casar ou comprar uma bicicleta?
Eu creio que certamente a vida reserva mais do que isso.

sábado, 19 de junho de 2010

Te dedico.

Pra começar, queria deixar bem claro, que minha vontade neste momento, é ir até o Leblon e saudar este cidadão pessoalmente, mas como não é possível (por hora),
me conformo em deixar aqui registradas algumas linhas, como uma singela homenagem!
Alguns dizem que não gostam de ouvir Chico cantando, preferem suas músicas interpretadas por outras vozes, outros dizem (o que eu achei um puto absurdo) que sua fonte secou.
Pois bem, quero dizer aos que não gostam de ouvir Chico cantando:
Só lamento!
E aos que dizem que sua fonte secou:
Meu caro, se eu fosse você dava um F5 na sua vida e digo mais, isso chega a ser uma blasfêmia, ' fonte de Chico secou', onde já se viu?!?! A fonte de Chico continua jorrando abundantemente, se você não reparou.
Este homem é um ícone da Música Popular (boa) Brasileira, arrisco a dizer que ele é um dos maiores poetas do Brasil, e talvez uns dos maiores do mundo.
Lembrando que poeta no sentido de escrever poesia, e não poema.
Porque a sua poesia está nas suas conhecidas letras de músicas.
Darei aqui um apanhado geral de célebres versos de suas eternas canções.
Falando sobre o amor, teve sensibilidade como poucos para descrever a separação: “Na travessura das noites eternas / Já confundimos tanto as nossas pernas / Diz com que pernas eu devo seguir”, em Eu Te Amo.
Em Trocando em Miúdos, diz “Mas devo dizer que não vou lhe dar / O enorme prazer de me ver chorar”; ou numa falsa satisfação em Atrás da Porta, “Te adorando pelo avesso / Pra mostrar que inda sou tua”, e Olhos nos Olhos, “Olhos nos olhos, quero ver o que você diz / Quero ver como suporta me ver tão feliz.”
Narra separações forçadas pela morte em Pedaço de Mim,“Oh, metade amputada de mim / Leva o que há de ti / Que a saudade dói latejada”, amores estampados em Tatuagem, “Quero ficar no teu corpo feito tatuagem”, nostalgias de dentro para fora de sua nação em Samba de Orly, “Vai, meu irmão / Pega esse avião / Você tem razão / De correr assim”, e Meu Caro Amigo, “Meu caro amigo, me perdoa por favor / Se eu não lhe faço uma visita”, ou de fora para dentro em Sabiá, “Vou voltar / Sei que ainda vou voltar”. Também um belo samba-canção em Desalento, “Sim, vai e diz / Diz assim, que eu sofri / Que eu morri / De arrependimento.”
Amores ciumentos em Logo eu?, “Ela ainda vem pedir, aposto / Para eu deixar a companhia / Dos amigos que mais gosto”, Deixe a menina, “Deixa a morena contente / Deixa a morena sambar em paz”. Muitas metáforas, como Gota d’Água, “Deixe em paz meu coração / Que ele é um pote até aqui de mágoa / E qualquer desatenção, faça não / Pode ser a gota d’água”, Imagina, “Meu amor, abre a porta pra noite passar”, Você, Você, “Que bicho feroz são os seus cabelos / Que à noite você solta”, As Vitrines, “Passas em exposição / Passas sem ver teu vigia / Catando a poesia / Que entornas no chão”, A Volta do Malandro, “Caminhando na ponta dos pés / Como quem pisa nos corações / Que rolaram dos cabarés”, Mulheres de Atenas, “Quando fustigadas não choram / Se ajoelham, pedem, imploram.”
Letras aparentemente ingênuas, como João e Maria, “E você sumiu no mundo sem me avisar / E agora eu era um louco a perguntar / O que que a vida vai fazer de mim”, Quem te viu, Quem te vê, “Você era mais bonita das cabrochas dessa ala”, Carioca, “Gostosa, quentinha, tapioca”. Outras bastante poéticas como Com açúcar, com afeto, “Quando a noite enfim lhe cansa / Você vem feito criança / Pra chorar o meu perdão”, Retrato em branco e preto, “Vou colecionar mais um soneto / Outro retrato em branco e preto”, Choro bandido, “Mesmo que os romances sejam falsos como nosso / São bonitas, não importa / São bonitas as canções”, Beatriz, “Ai, diz quantos desastres tem na minha mão / Diz se é perigoso a gente ser feliz.”
Em Todo o Sentimento, define bem o que seja eterno enquanto dure, "Prometo te querer, até o amor cair doente, doente" e em Joana Francesa narra muito o clímax entre homem e mulher, "Geme de prazer e de torpor"

Chico é simplesmente a composição perfeita de arte, música e poesia.
Hoje, completando seus 66 anos, eu me sinto GRATA, de uma forma gigantesca!
Embora, o aniversário seja do poeta, a agraciada aqui sou eu, o presente é todo meu.
Pela contribuição intelectual
Pela paz de espirito
E por todos os orgasmos musicais que tive ao longo de minha vida, em sua companhia.

Muito obrigada, Chico Buarque de Holanda.

Vida longa! :*

Salve! Salve!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

"Não se afobe não, que nada é pra já,
o amor não tem pressa,

ele pode esperar, em silêncio,
no fundo de um armário..." (8)


Bravo! Bravo!
Sábias palavras do poeta Chico Buarque,
palavras estas, que tomo como minhas!

Certamente, o amor não tem pressa.
Pelo menos, no meu caso não.
Enquanto minha vida embarca num turbilhão de acontecimentos,
o amor, dorme tranquilamente, como uma criança recém-nascida.
Alguém certa vez disse: 'só se ama uma vez nessa vida...'
Às vezes, fico encucada com tal questão.
E conforme os dias passam, questiono cada vez mais:
Ôh moço, e a minha vez, quando chega?







[sobre o que tenho gravado na memória]

Sonhos de Padaria.

Adoro dar conselhos,mas você os segue se quiser,pois se os meus servissem em você,
alguém já teria patenteado e o governo com certeza inventaria algum imposto
(até já vejo: ICFC – “Imposto sobre Comercio e Fornecimento de Conselhos” Rs)...
Mas se fosse para dar algum, seria “coma sonhos de padaria”, eles não iludem, são sempre doces, baratos e ninguém vai te chamar de tolo e tentar te atrapalhar se você acreditar neles e lutar para alcançá-los, a não ser seu nutricionista, é claro!Rs...
Mas voltando ao Planeta Terra, está difícil sonhar hoje em dia, em alguns casos o preço de se fazer uma faculdade, em outros o peso de abandonar os estudos...
A vida tem se tornado cada vez mais mecânica, e deixamos nossos desejos de lado.
Fora as crianças que largam tudo para tentar jogar futebol (em geral, filhos de pais que a noite enquanto dormem ainda são o camisa 10 da seleção), nós pobres mortais pegamos nossos planos mais ousados, trancamos em uma gaveta qualquer e as chaves...
Esquecemos em algum lugar.
Depois levantamos a cabeça, acordamos no outro dia cedo e vamos puxar o saco do chefe atrás de alguma promoção.
“Entre domingo e sábado é sempre segunda feira!”
Nosso mundo é feito de ilusões, mas sem oásis algum,
“O cateto da hipotenusa substituiu o verso do Soneto”,
mas nem tudo esta perdido, depende de nós...
Porém não podemos nos esquecer da diferença entre viver de verdade e se alienar, do mesmo modo que já esquecemos, no nosso nome existe a palavrinha
“HUMANO”
... Ser ou não ser?

domingo, 25 de abril de 2010

Lispectori[ando].

"Mesmo minhas alegrias, como são solitárias às vezes. E uma alegria solitária pode se tornar patética. É como ficar com um presente todo embrulhado com papel enfeitado de presente nas mãos - e não ter a quem dizer: tome, é seu, abra-o!
Não querendo me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção, evitando o tom de tragédia, então raramente embrulho com papel de presente os meus sentimentos."

-Clarice Lispector-




É como se em uma época bem distante, Clarice e eu, tivéssemos sido"boas amigas".
Foi com essa ilustre desconhecida que aprendi a olhar para mim.
Com ela descobri o quanto as palavras podem me servir, como ponte de expressão para sentimentos mudos ou quase imperceptíveis.
Às vezes sentimos e pensamos sem perceber. Como em um mundo paralelo a nós mesmos, não estamos conscientes.
Meu encontro com Clarice, foi há muito tempo, quando eu ainda fazia ensino fundamental, em mil novecentos e lá vai fumaça...
Fiquei bestificada com a capacidade descritiva desta autora.
Em sua companhia eu consegui passear, tão facilmente, entre as sensações que eu sentia mas, não verbalizava nem para mim mesma.
Desde então...
Nunca mais fui a mesma.
Havia sido tocada!
Encontrara alguém que sabia sentir a vida em seus detalhes.
Sabia que todas as coisas conversavam.
Sabia que eu não era diferente, eu era apenas eu.
Havia alguém com quem podia conversar.
E suas palavras, no papel, eram gritos aos meus ouvidos.

Existia Clarice.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

De um pedaço meu, que ficou em uma Província distante.

Saudades aos montes
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Nesse exato momento ela deve está do lado de lá..
Sei que é vã a tentavida de trazê-la de volta.
Pois então vá, borboleta bordada de flor, e voe
Para bem longe, longe, feliz e alegre, longe.

Se perca na infinidade de tentativas de ser feliz e alegre, longe.
As asas que te levaram são as mesmas que vão te trazer novamente.
Aqui onde tudo é arcaico e ultrapassado deixaste tua essência.
Aqui também ficou teu perfume que exala a flor do campo, as mais finas flores.

Um dia vais voltar para cumprir nossos planos.
Lembra do pôr-do-sol? Ainda ei de realizá-lo, contigo.
Agora se teimares em ficar, dei-me noticias.
Mesmo que seja, bem longe,longe, feliz e alegre, e longe.

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De um amigo que te adora e nunca vai te esquecer.
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Por Markoz Montello.

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['...aonde quer que eu vá, levo você num olhar, aonde quer que eu vá, aonde quer que eu vá...']

domingo, 18 de abril de 2010

'É tão estranho, os bons morrem jovens...'

Às vezes dói tanto lembrar que você está tão longe de mim e pior que não podes voltar...
Dói muito sabe!?
Você pedaço de mim.
Eu pedaço de você.
E eu sempre aos pedaços de tanta saudade.
Você que sorria e amava o mundo de graça e com o coração aberto, escancarado, porque ele não te devia absolutamente nada e porque você estava sempre mil anos à frente de pessoas como eu, mera mortalzinha cheia de dúvidas, defeitos e manias.
Você, meu menino inteligente e de quem eu roubei quase todos os meus livros antigos, porque a gente amava contar letrinhas juntos nos dias de feira na escola, ignorando essa coisa boba de que um menino e uma menina não podem ser grandes amigos!
Você que adorava meu jeitinho elétrico de viver, você que escutava minhas nóias por horas sem pestenejar.
Você que também sabia aquele trecho do livro de Clarice Lispector e que recitava comigo ao telefone, sempre que eu tentava uma explicação lógica para a minha personalidade forte.
Você que me queria por perto, mesmo que fosse pra ficar em silêncio [complicado isso, rs!]
Você que era todo lindo por dentro e por fora.
Você que até hoje, mesmo depois de ter partido me puxa lá do fundo do meu pocinho existencial quando eu tô perdida e me mostra o caminho, porque você tem certeza das coisas e sempre acreditou muito em mim.
Você que me deixava louca com essa mania de cuidados exagerados e que pensava que minhas gripes eram sempre bronquites.
Você que sentava comigo a beira do rio e dizia que aquele era o nosso mar.
Você que adorava ouvir os absurdos fantásticos que aconteciam na minha vida.
Você que me dava bronca, me obrigando a rir, quando eu queria mesmo era chorar!
Você que fez tudo e um pouco mais por mim.
Você que fez de mim, Flor Morenna.
Você que por toda a minha vida, eu jamais vou esquecer.
Ah, João...
Tanta coisa nova pra dividir contigo, meus rumos, minhas conquistas, minhas metas, meus amores...Tudo absolutamente tudo.
Embora eu saiba que de certa forma, você está ao meu lado [de uma forma que só eu entendo].
Mas me falta o teu abraço, me falta a tua risada, me falta os teus puxões de orelha.
E olha, eu não duvido nada, que não tenhas sido tu, que providenciaste anjos nesta terra para mim!
Por que eu sei, que tu nunca me deixarias sozinha.
Você que tem um pedaço comprado, cercado, loteado e construído no meu coração.
Você que eu queria bem perto...E como já foi dito, sei que está por perto!
Te amo do tamanho do sistema solar...



“Por que toda a minha vida eu vou te amar...”.




Onde quer que esteja agora...

Seja feliz sempre...
Fica bem!





Em memória de João Guilherme Araújo de Sousa Júnior.
[amigo falecido em 11 de Janeiro de 2007]

Bom conselho.

Estava ali, ouvindo e cantarolando Chico Buarque
Cá entre nós, para mim, não há melhor forma de poetizar o dia!

E como eu sou uma boa pessoa, camarada mesmo, brother e talzz
Deixo aqui o conselho que o poeta Chico me deixou:


"Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado,
quem espera nunca alcança
Venha, meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar
Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio o vento
Na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade
Vou pra rua e bebo a tempestade
Vou pra rua e bebo a tempestade"


Pois é...
Levanta daí e vamos pra rua beber a tempestade! :D







[quem sabe a gente se encontra lá na esquina...]

sexta-feira, 16 de abril de 2010

A Borboleta que se foi.

A borboleta voou lá pras bandas do Rio,
Deixou por cá, saudade e desespero.
Ela que sempre deseja a liberdade,
Foi buscar a plenitude e a salvação dos seus pequenos problemas.
Levou juntamente belas lembranças
D'um campo florido e harmonioso
Onde passara quase toda sua vidinha, intensa!
Agora fico a me perguntar:
Será que um dia ela há de passar novamente por cá?
Já que ela saiu batendo asas sem rumo, perderá o caminho de casa?
Desse campo sempre tão á espera dela?
Isso não tenho certeza.
Só espero que uma lestada a traga de volta
Para o seu lar, pois aqui vai encontara os galhos
Onde pode repousar toda sua beleza e tranquilidade.


Markoz Montello




[...Dedicado a uma amiga que sempre desejou voo mais altos. Saudades...]




Por Markoz Montello em: http://boysapiens.blogspot.com/2010/04/borboleta-que-se-foi.html





É como sempre se ouve dizer:
'A felicidade está nas pequenas coisas'
Cê sempre me faz chorar, com cada linha que escreve pra mim.
Te amo.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Dois.

"Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.
Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles.
Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.
Como eles admiravam estarem juntos!
Até que tudo se transformou em não.
Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles.
Então a grande dança dos erros.
O cerimonial das palavras desacertadas.
Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto.
No entanto ele que estava ali.
Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso.
Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos.
Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham.
Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram.
Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios.
Tudo, tudo por não estarem mais distraídos."
-Clarice Lispector-


Proponho sonhar que sou borboleta
voejando alegre por cima do muro
vontade de 'aquarelar' o céu
colorido
em tons violeta.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Questione o Mundo.

As nuvens só são brancas, pra quem ainda não aprendeu a enxergar!
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[pequeno e infinito pedaço de pra sempre...]

Minha Colombina.



Imaginar o impossivel é impossivel
Sonhar com o que não se
Pode realizar é desprezivel
Podemos até fingir conquistas
Mas não nos esquecemos que
Sobrevivemos sem mentiras.


Encontrei-a sem querer e, sem perceber, também achei meu lugarzinho no mundo, pois estava jogado ao léu. Já fizemos promesas, marcamos encontros....fizemos juras de amor um ao outro.Nunca nos tocamos, ainda não nos sentimos, entretanto, a sensibilidade intuitiva dela me permanece viva. Quem sabe, num dia qualquer, o acaso nos coloque frente á frente, assim, sem mais nem menos, para depois ninguém reclamar dos desencontros.Não consigo sequer ser falso com essa criatura que dia-a-dia, alegra-me. Já me decifrei todo pra ela. Contei segredos, decepções, enfim, algumas angústias. Dei-lhe a minha chave.Ela Colombina, eu Pierrot, os outros já se tornaram pouco diante do nosso, breve e pequeno amor. Acabando essas linhas tortas, apenas penso e digo:



Há um tempo para nós dois
Eterno, sem medições, que
Encantará nossos dois corações.
Há de vir um gesto sereno, profundo
Que partirá do peito á caminho da alma.
A primeira vista vamos parecer duas
Coisas bobas, mas com um singelo abraço
Sentiremos nossas todas vontades adormecidas
Surgirem...





Cansei de escrever, resta-me agora esperar, esperar, esperar.








Por:Markoz Montello.
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