domingo, 25 de abril de 2010

Lispectori[ando].

"Mesmo minhas alegrias, como são solitárias às vezes. E uma alegria solitária pode se tornar patética. É como ficar com um presente todo embrulhado com papel enfeitado de presente nas mãos - e não ter a quem dizer: tome, é seu, abra-o!
Não querendo me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção, evitando o tom de tragédia, então raramente embrulho com papel de presente os meus sentimentos."

-Clarice Lispector-




É como se em uma época bem distante, Clarice e eu, tivéssemos sido"boas amigas".
Foi com essa ilustre desconhecida que aprendi a olhar para mim.
Com ela descobri o quanto as palavras podem me servir, como ponte de expressão para sentimentos mudos ou quase imperceptíveis.
Às vezes sentimos e pensamos sem perceber. Como em um mundo paralelo a nós mesmos, não estamos conscientes.
Meu encontro com Clarice, foi há muito tempo, quando eu ainda fazia ensino fundamental, em mil novecentos e lá vai fumaça...
Fiquei bestificada com a capacidade descritiva desta autora.
Em sua companhia eu consegui passear, tão facilmente, entre as sensações que eu sentia mas, não verbalizava nem para mim mesma.
Desde então...
Nunca mais fui a mesma.
Havia sido tocada!
Encontrara alguém que sabia sentir a vida em seus detalhes.
Sabia que todas as coisas conversavam.
Sabia que eu não era diferente, eu era apenas eu.
Havia alguém com quem podia conversar.
E suas palavras, no papel, eram gritos aos meus ouvidos.

Existia Clarice.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

De um pedaço meu, que ficou em uma Província distante.

Saudades aos montes
______
_____




Nesse exato momento ela deve está do lado de lá..
Sei que é vã a tentavida de trazê-la de volta.
Pois então vá, borboleta bordada de flor, e voe
Para bem longe, longe, feliz e alegre, longe.

Se perca na infinidade de tentativas de ser feliz e alegre, longe.
As asas que te levaram são as mesmas que vão te trazer novamente.
Aqui onde tudo é arcaico e ultrapassado deixaste tua essência.
Aqui também ficou teu perfume que exala a flor do campo, as mais finas flores.

Um dia vais voltar para cumprir nossos planos.
Lembra do pôr-do-sol? Ainda ei de realizá-lo, contigo.
Agora se teimares em ficar, dei-me noticias.
Mesmo que seja, bem longe,longe, feliz e alegre, e longe.

____
_____
De um amigo que te adora e nunca vai te esquecer.
_________


Por Markoz Montello.

_______

['...aonde quer que eu vá, levo você num olhar, aonde quer que eu vá, aonde quer que eu vá...']

domingo, 18 de abril de 2010

'É tão estranho, os bons morrem jovens...'

Às vezes dói tanto lembrar que você está tão longe de mim e pior que não podes voltar...
Dói muito sabe!?
Você pedaço de mim.
Eu pedaço de você.
E eu sempre aos pedaços de tanta saudade.
Você que sorria e amava o mundo de graça e com o coração aberto, escancarado, porque ele não te devia absolutamente nada e porque você estava sempre mil anos à frente de pessoas como eu, mera mortalzinha cheia de dúvidas, defeitos e manias.
Você, meu menino inteligente e de quem eu roubei quase todos os meus livros antigos, porque a gente amava contar letrinhas juntos nos dias de feira na escola, ignorando essa coisa boba de que um menino e uma menina não podem ser grandes amigos!
Você que adorava meu jeitinho elétrico de viver, você que escutava minhas nóias por horas sem pestenejar.
Você que também sabia aquele trecho do livro de Clarice Lispector e que recitava comigo ao telefone, sempre que eu tentava uma explicação lógica para a minha personalidade forte.
Você que me queria por perto, mesmo que fosse pra ficar em silêncio [complicado isso, rs!]
Você que era todo lindo por dentro e por fora.
Você que até hoje, mesmo depois de ter partido me puxa lá do fundo do meu pocinho existencial quando eu tô perdida e me mostra o caminho, porque você tem certeza das coisas e sempre acreditou muito em mim.
Você que me deixava louca com essa mania de cuidados exagerados e que pensava que minhas gripes eram sempre bronquites.
Você que sentava comigo a beira do rio e dizia que aquele era o nosso mar.
Você que adorava ouvir os absurdos fantásticos que aconteciam na minha vida.
Você que me dava bronca, me obrigando a rir, quando eu queria mesmo era chorar!
Você que fez tudo e um pouco mais por mim.
Você que fez de mim, Flor Morenna.
Você que por toda a minha vida, eu jamais vou esquecer.
Ah, João...
Tanta coisa nova pra dividir contigo, meus rumos, minhas conquistas, minhas metas, meus amores...Tudo absolutamente tudo.
Embora eu saiba que de certa forma, você está ao meu lado [de uma forma que só eu entendo].
Mas me falta o teu abraço, me falta a tua risada, me falta os teus puxões de orelha.
E olha, eu não duvido nada, que não tenhas sido tu, que providenciaste anjos nesta terra para mim!
Por que eu sei, que tu nunca me deixarias sozinha.
Você que tem um pedaço comprado, cercado, loteado e construído no meu coração.
Você que eu queria bem perto...E como já foi dito, sei que está por perto!
Te amo do tamanho do sistema solar...



“Por que toda a minha vida eu vou te amar...”.




Onde quer que esteja agora...

Seja feliz sempre...
Fica bem!





Em memória de João Guilherme Araújo de Sousa Júnior.
[amigo falecido em 11 de Janeiro de 2007]

Bom conselho.

Estava ali, ouvindo e cantarolando Chico Buarque
Cá entre nós, para mim, não há melhor forma de poetizar o dia!

E como eu sou uma boa pessoa, camarada mesmo, brother e talzz
Deixo aqui o conselho que o poeta Chico me deixou:


"Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado,
quem espera nunca alcança
Venha, meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar
Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio o vento
Na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade
Vou pra rua e bebo a tempestade
Vou pra rua e bebo a tempestade"


Pois é...
Levanta daí e vamos pra rua beber a tempestade! :D







[quem sabe a gente se encontra lá na esquina...]

sexta-feira, 16 de abril de 2010

A Borboleta que se foi.

A borboleta voou lá pras bandas do Rio,
Deixou por cá, saudade e desespero.
Ela que sempre deseja a liberdade,
Foi buscar a plenitude e a salvação dos seus pequenos problemas.
Levou juntamente belas lembranças
D'um campo florido e harmonioso
Onde passara quase toda sua vidinha, intensa!
Agora fico a me perguntar:
Será que um dia ela há de passar novamente por cá?
Já que ela saiu batendo asas sem rumo, perderá o caminho de casa?
Desse campo sempre tão á espera dela?
Isso não tenho certeza.
Só espero que uma lestada a traga de volta
Para o seu lar, pois aqui vai encontara os galhos
Onde pode repousar toda sua beleza e tranquilidade.


Markoz Montello




[...Dedicado a uma amiga que sempre desejou voo mais altos. Saudades...]




Por Markoz Montello em: http://boysapiens.blogspot.com/2010/04/borboleta-que-se-foi.html





É como sempre se ouve dizer:
'A felicidade está nas pequenas coisas'
Cê sempre me faz chorar, com cada linha que escreve pra mim.
Te amo.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Dois.

"Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.
Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles.
Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.
Como eles admiravam estarem juntos!
Até que tudo se transformou em não.
Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles.
Então a grande dança dos erros.
O cerimonial das palavras desacertadas.
Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto.
No entanto ele que estava ali.
Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso.
Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos.
Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham.
Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram.
Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios.
Tudo, tudo por não estarem mais distraídos."
-Clarice Lispector-


Proponho sonhar que sou borboleta
voejando alegre por cima do muro
vontade de 'aquarelar' o céu
colorido
em tons violeta.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Questione o Mundo.

As nuvens só são brancas, pra quem ainda não aprendeu a enxergar!
______
____



[pequeno e infinito pedaço de pra sempre...]

Minha Colombina.



Imaginar o impossivel é impossivel
Sonhar com o que não se
Pode realizar é desprezivel
Podemos até fingir conquistas
Mas não nos esquecemos que
Sobrevivemos sem mentiras.


Encontrei-a sem querer e, sem perceber, também achei meu lugarzinho no mundo, pois estava jogado ao léu. Já fizemos promesas, marcamos encontros....fizemos juras de amor um ao outro.Nunca nos tocamos, ainda não nos sentimos, entretanto, a sensibilidade intuitiva dela me permanece viva. Quem sabe, num dia qualquer, o acaso nos coloque frente á frente, assim, sem mais nem menos, para depois ninguém reclamar dos desencontros.Não consigo sequer ser falso com essa criatura que dia-a-dia, alegra-me. Já me decifrei todo pra ela. Contei segredos, decepções, enfim, algumas angústias. Dei-lhe a minha chave.Ela Colombina, eu Pierrot, os outros já se tornaram pouco diante do nosso, breve e pequeno amor. Acabando essas linhas tortas, apenas penso e digo:



Há um tempo para nós dois
Eterno, sem medições, que
Encantará nossos dois corações.
Há de vir um gesto sereno, profundo
Que partirá do peito á caminho da alma.
A primeira vista vamos parecer duas
Coisas bobas, mas com um singelo abraço
Sentiremos nossas todas vontades adormecidas
Surgirem...





Cansei de escrever, resta-me agora esperar, esperar, esperar.








Por:Markoz Montello.
_____________________
__________________
______________
___________---