terça-feira, 27 de julho de 2010

Relicário.

O "Aurélio" diz que trata-se de uma caixa, urna, etc..., para guardar reliquias de um santo.
Acredito que todo ou quase todo mundo, possui alguma coisa guardada com muito carinho.
Alguns guardam fotos, outros postais, cartas e tem até quem guarde revistas pornôs.
Ué, tô mentindo?
Pois bem, eu como não poderia ser diferente, também trago comigo uma caixinha, não é muito grande, mas guarda consigo utopias particulares, cada uma, com seu jeito, sua significância.
Obviamente, não me refiro a fotos, postais, cartas e muito menos a revistas pornôs, não, não!
Deve admitir que esta caixa, é o que de mais precioso a vida poderia ter-me dado.
É linda!
Colorida com todas as cores do Universo.
(Meu doce e particular universo)
Devo lhe informar, que a luz que emana do seu interior.
Certamente, é uma das mais belas.
E se por acaso, um dia você abrir o meu relicário, nele você encontrará:
Duas lindas sargitarianas, uma aqui no Rio, outra lá no Maranhão.
Um leão skatista petropolitano.
Um Leo, que é professor e tem espírito de menino.
Outro Leo, que é Fabiano e tem o sorrisão aberto.
Um João que toca violoncelo.
Um João que virou anjo.
Outro que é Neto.
E outro que é Paulo.
Uma Lu com um coração gigantesco.
Um Felipe que também é Bastos.
Duas irmãs com sobrenome de Escola de Samba.
Uma Iaiá que ama um Jou-Jou.
Uma Marques, que marca. E como marca, essa menina.
Um São Jorge que na bainha em vez de espada, tem uma Júlia.
Um Pierrot.
Um Gênio do Mar.
Uma Maria que dá Paz.
Um Hudson que agora é Uts.
Platas que valem ouro.
A tia do Enzo.
Um goiano de voz mansa e louváveis gestos.
Um irmão de alma.
Uma morena que cultiva uma rosa no braço.
Um moreno com olhos de mel.
Todos embalados e envolvidos com um amor, que não mede fronteiras.
Um amor que guardo aqui, em um cantinho todo especial, do meu amarrotado coração.
Por que pessoas boas, ficam encravadas na memória.
E não adianta esfregar, tentar apagar.
Elas vão permanecer ali.
Mesmo que talvez, os caminhos nunca mais se cruzem.
O valor de cada uma delas, permanece intacto.
"Por que todo dia é nostalgia
das besteiras, das besteiras
e das besteiras que fizemos ontem."
É, eu realmente amo MUITO, cada um de vocês!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

O menino do Asteróide B-612.


Abre aspas:

- Quem és tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita…- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste…
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. não me cativaram ainda.
- Ah! desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- Que quer dizer “cativar”?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro os homens, disse o principezinho. Que quer dizer “cativar”?
- Os homens, disse a raposa, têm fuzis e caçam. É bem incômodo! Criam galinhas também. É a única coisa interessante que fazem. Tu procuras galinhas?
- Não, disse o principezinho. Eu procuro amigos. Que quer dizer “cativar”?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa “criar laços…”
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo…
- Começo a compreender, disse o principezinho. Existe uma flor… eu creio que ela me cativou…
- É possível, disse a raposa. Vê-se tanta coisa na Terra…
- Oh! não foi na Terra, disse o principezinho.
A raposa pareceu intrigada:
- Num outro planeta?
- Sim.
- Há caçadores nesse planeta?
- Não.
- Que bom! E galinhas?
- Também não.
- Nada é perfeito, suspirou a raposa.
Mas a raposa voltou à sua idéia.
- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra.
O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo…
A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
- Por favor… cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer alguma coisa. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto…
No dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração… É preciso ritos.
- Que é um rito? perguntou o principezinho.
- É uma coisa muito esquecida também, disse a raposa. É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, possuem um rito. Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta-feira então é o dia maravilhoso! Vou passear até a vinha. Se os caçadores dançassem qualquer dia, os dias seriam todos iguais, e eu não teria férias!
Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse…
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não sais lucrando nada!
- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.

Fecha aspas.




[O Pequeno Príncipe, cap. 21 / Antoine de Saint Exupéry]

segunda-feira, 5 de julho de 2010

"P
orra! – gritou.
Amaranta, que começava a colocar a roupa no báu, pensou que ela tinha sido picada por um escorpião.
- Onde está? – perguntou alarmada.
- O quê?
- O animal! – esclareceu Amaranta.
Ursula pôs o dedo no coração.
- Aqui – disse"



- Gabriel Garcia Márquez - Cem Anos De Solidão -